Mario de Oliveira, o Padre Mario da Lixa, era un vello amigo e subscritor de Irimia. El enviábanos a súa revista “Fraternizar”, nun fraternal intercambio. Foi un irimego portugués, un crego militante en causas compartidas no outro lado da raia. Tiñamos unha débeda pendente após do seu falecemento este ano e este artigo recollido no medio luso esquerda.net faille moita xustiza. Paga a pena mergullarse en YouTube e procurar entrevistas e declaracións, para coñecelo un pouco máis e saber da súa mestura inesquecible de espírito crítico e alegría de vivir.
Mário de Oliveira faleceu esta quinta-feira aos 84 anos no Hospital de Penafiel. Depois de um acidente de automóvel a 27 de janeiro, estava internado nos cuidados intensivos desde então.
Mário de Oliveira, conhecido como o Padre Mário da Lixa, por ter sido pároco de Macieira da Lixa, em Felgueiras, nasceu a 8 de Março de 1937 em Lourosa, Santa Maria da Feira.
Homem de causas, Mário de Oliveira não fugia das polémicas
Foi ordenado padre em 1962, tendo sido depois coadjutor na Paróquia das Antas, no Porto, professor de Religião e Moral nos Liceus Alexandre Herculano e D. Manuel II. Depois foi enviado para a Guiné-Bissau como capelão das tropas portuguesas. Foi, dizia, “pregar o Evangelho da Paz aos que lá faziam a Guerra Colonial”. Ao fim de quatro meses foi expulso.
O padre Mário cedo se fez notar como antifascista e por se ter oposto à guerra colonial. Foi preso duas vezes pela PIDE em Caxias e julgado pelos tribunais do regime salazarista por subversão.
Em Março de 1973, por decisão do Bispo António Ferreira Gomes foi colocado na situação de “sem ofício pastoral oficial”, ou seja proibido na prática de exercer o sacerdócio. Mas não desistirá da sua fé religiosa nem da sua vertente crítica e solidária. Torna-se jornalista tendo trabalhado jornal República. Seguiram-se os jornais Página Um, Aqui e Correio do Minho. Mas é como diretor do jornal “Fraternizar” que se destacará nos últimos anos.
À atividade jornalística somará a escrita de livros. 52 ao longo toda a sua vida. Um dos mais famosos será “Fátima, nunca mais” de 1999, sucessivamente reeditado. Nele, apresenta as aparições de Fátima como um mito e critica a hierarquia da Igreja por ter abusado psicologicamente das três crianças que as relataram.
Homem de causas, Mário de Oliveira não fugia das polémicas. É conhecido ainda, por exemplo, por ter sido uma das vozes sonoras pela descriminalização do aborto em Portugal.
Para além disso, desenvolverá uma intensa ação de solidariedade internacionalista para com os povos da América Latina nos piores momentos das ditaduras que sofreram no século passado. Participa na comunidade “Grão de Trigo” que tem como objetivo viver junto do “povo marginalizado de São Pedro da Cova” e onde fundou a Associação Padre Maximino.
Será ainda um conhecido dinamizador cultural, nomeadamente na Associação Cultural e Recreativa “As Formigas da Macieira”, de Macieira da Lixa, no âmbito da qual criará o Barracão de Cultura em que esteve envolvido até ao fim da vida.